Aviso aos Navegantes

Toda produção tem um intertexto referente pois estamos sempre a produzir com base em outras referências que possuímos. Quando falamos em intertexto ou intertextualidade não devemos pensar unicamente no registro textual; na verdade este conceito pode ser ampliado ao registro sonoro (no campo das músicas, jingles e samples) e também no visual ( no caso dos desenhos animados).

A intertextualidade pode ser empregada e evidenciada em vários campos, como na música, cinema, televisão, literatura, publicidade, etc. A intertextualidade pode ainda formatar uma vertente mais específica constituída pela intertitularidade. Esta tem o mesmo papel e desempenho da intertextualidade só que se apresenta em um campo mais restricto: os títulos.

Um exemplo de intertitularidade que pode ser facilmente verificado neste próprio website é o seu título principal: Animamundo. Este título remete ao nome do Festival Internacional de Animação do Brasil - Anima Mundi. O recurso da intertitularidade é utilizado na literatura e também nos meios jornalísticos na tentativa de aproximar os leitores das publicações, gerando cumplicidade por compartilhar realidades, sem reter-se única e exclusivamente à realidade da notícia. Segundo Claudine Girod, as manchetes do Jornal Libération utilizam muito este recurso*.

O objectivo deste blog é fazer com que o internauta perceba as aplicações da intertextualidade, utilizando como campo de estudo os desenhos animados e suas influências, e desta forma consiga fazer uma analogia ao processo que leva à intertitularidade, lembrando que o sucesso e funcionamento desta ferramenta tem haver com o meio que lhe originou.

*Leiam as páginas 21 e 22 do Artigo de Eliana Scotti Muzzi sobre Leitura de Títulos que faz referência à Claudine Girod.

O show da vida - da tv para tv

Metalinguagem. É uma forma de definir o fenómeno da intertextualidade entre os programas e séries de tv. Em alguns episódios de desenhos animados, como no caso dos Simpsons, nota-se a referência de outras séries de tv. A televisão, nestes momentos divulga sua programação e estimula sua audiência através de seus próprios productos comunicacionais fazendo referências uns aos outros. Mais uma vez vemos nossos personagens preferidos de desenhos animados a nutrirem uma relação com personagens de outras séries que também fazem parte de nossa realidade.

A seguir, exemplos deste fenómeno:




Os agentes Mulder e Scully da Série de tv norte-americana "Arquivo X" também fizeram uma participação nos Simpsons.



A série de Tv "Xena: A Princesa Guerreira" também foi satirizada nos Simpsons e a estrela principal, Lucy Lawless, foi "transformada" em desenho.





O American Idol foi um programa da tv norte-americana em que pessoas comuns tentavam realizar o sonho de serem novas estrelas da música. O programa fez muito sucesso e teve muita audiência. Os Simpsons aproveitaram esta exposição para parodiar o programa de tv.

Capas de Discos

A música tem grande influência sobre nossas vidas e nos desenhos também se pensarmos que os desenhos animados são uma forma iconográfica e representativa da realidade.

Essa representação da realidade chamada "desenho animado" tem se dedicado cada vez mais a aprofundar sua proximidade ocupando-se dos mais incríveis detalhes.

Transformar um cantor em um desenho, tentando ser o mais "fiel" às suas características físicas, já algo mutio significante em termos semânticos, mas hoje chega-se ao ponto de representar, também como desenho animado, objectos iconográficos. Um grande exemplo disso são as capas de discos que ficaram eternizadas. Mas não pára por aí. Não foram raras as vezes que cerimônias do Oscar foram representadas em episódios de desenhos animados e a estatueta teve seu lugar de destaque.

A própria revista Rolling Stone teve sua representação como veremos a seguir.




Capa do disco dos Beatles "Abbey Road" e abaixo exemplar da revista em desenho remetendo a capa do disco dos Beatles.






Capa do disco Nevermind da banda de rock Nirvana

Cores,Traços e Rock´n roll

O mundo da música sempre esteve muito ligado à imagem. Não importa a que segmento, a que género musical se pertença, uma das principais directrizes de uma estrela do Show Buziness é sua imagem. O jeito de vestir, de agir e de falar compõe uma intertextualidade com o segmento a que se pertence delineando uma identidade musical e iconográfica.

Os artistas de cada um dos géneros musicais possuem diferentes características, mas há uma delas que é cada vez mais comum: fazer participação em desenhos animados. Não importa se rock, pop ou rap o que importa é fazer com que seus traços reais sejam utilizados para moldar personagens que os represente.

Os Simpsons e South Park são os desenhos animados que mais utilizam desta “ferramenta” da intertextualidade. È difícil não ser cativado pela ideia de personagens de desenhos serem fãs dos mesmos ícones que nós. A aproximação é quase que imediata. Quando assistimos os personagens dos desenhos vibrando pelos mesmos ídolos que temos, sentimo-nos cúmplices daquela realidade fantástica.

Abaixo segue o link de um episódio em que a banda U2 faz participação nos Simpsons:

http://www.youtube.com/watch?v=yz-1I99BAP0&mode=related&search

A seguir algumas estrelas do show buziness em cores e traços mais divertidos:

Mick Jagger e Keith Richards dos Rolling Stones nos Simpsons




A banda de Rock Aerosmith nos Simpsons





O Vocalista da banda de Rock Aerosmith





A banda de Rock Metallica nos Simpsons





Banda Ramones em uma participação nos Simpsons





Homer Simpson como um dos integrantes da Banda The Who





Banda The White Stripes com Bart e Milhouse nos Simpsons





Grupo de punkrock Blink 182 com Bart Simpson





A Boyband N´sync nos Simpsons





A Cantora Pop Briteny Spears nos Simpsons





A cantora Mandy Moore nos Simpsons





O Grupo R.E.M. com Homer Simpson






O cantor Elton John nos Simpsons






O roqueiro Kid Rock em uma participação nos Simpsons






O rapper 50 Cent nos Simpsons

Famoso que é famoso já virou desenho

Uma prova cabal de que os desenhos animados já direccionam-se também, e em alguns casos principalmente, aos adultos está na utilização de obras da arte (clássica, surrealista, etc.) como elementos que compõem seus argumentos. A maioria das crianças não faz ideia da existência da Capela Cistina, é bem verdade que muitos adultos também estão na mesma situação, mas tudo isso para dizer que a intertextualidade e a intertitularidade só fazem sentido e só são percebidas quando o público ou audiência a que destinam-se tem um conhecimento prévio acerca do assunto; quando sua realidade cognitiva não apresenta grande distanciamento.

O mundo das celebridades é um prato cheio para vários sectores de nossa sociedade. A indústria das celebridades é uma das mais rentáveis porque a realidade que as envolve no fundo é almejada pela grande maioria das pessoas. Fama, dinheiro, sucesso, glória são anseios que muitos de nós temos. Na imprensa, as histórias das celebridades vendem porque nós queremos saber como é quando não podemos mais ver.

A realidade do mundo dos famosos, apesar de não ser a realidade do restante das pessoas, está em nossos quotidianos, sejam nas novelas, nos jogos de futebol, nos telejornais, nas séries de tv, nas revistas, enfim, em muito daquilo que nos rodeia.

Os desenhos animados obviamente também se aproveitam disso e hoje em dia é muito comum assistirmos participações de celebridades nas histórias animadas. As estrelam transformam-se em desenhos emprestando suas características físicas, que muitas vezes são satirizadas, e também suas vozes.

Alguns exemplos:

Tony Blair (Primeiro Ministro da Inglaterra)



Rainha Elizabeth e Tony Blair nos Simpsons



O Realizador de Star Wars, George Lucas, em South Park



O Realizador de E.T e Jurassic Park, Steven Spilberg, em South Park



O Piloto e Campeão de Motos Valetino Rossi



O Caçador de Crocodilos e aventureiro Steven Irwin que faleceu recetemente com o ferrão de uma raia no peito. A terceira imagem extraída do desenho South Park causou muita polêmica. Repare que há uma raia cravada no peito do personagem.